domingo, 23 de junho de 2013

Uma perspectiva no ensino da Arte

A Última Ceia | Esboço aguarelado 45cmX29,7cm de Fernando Magalhães.


A importância da Arte na formação do aluno/adulto

A Educação Artística começa na infância para se desenvolver e aprofundar ao longo da vida. Favorece a formação da personalidade de um modo harmonioso e saudável, quando abrange a expressão livre e a criatividade (ponto alto da expressão e sinónimo de saúde mental).
A expressão livre revela o ser, quando inteiramente assumida.
A autenticidade da expressão e a criatividade são referências primordiais a respeitar e a estimular, que envolvem os aspetos mais inesperados da imaginação.
Na área de Expressões e concretamente nas disciplinas de Educação Visual e Educação Tecnológica, os alunos são levados a apreciar a permanente influência da Arte na vida e a orientá-los no sentido de entenderem e preservarem os elementos culturais e ambientais que fazem parte do nosso património local e universal.
O professor encaminha-os para experiências criativas e artísticas organizadas de maneira a admitir a escolha individual de acordo com os interesses de cada um e a permitir um enriquecimento gradual e cumulativo.
A meta prioritária das expressões artísticas consiste em ensinar os alunos a utilizar a sua sensibilidade e levá-los a entender o objetivo preponderante da educação artística:
- Tornarem-se uma força criativa e interveniente para construírem uma sociedade melhor.
O processo de ensino que explica a metodologia da educação através da Arte converte-se num meio de desenvolvimento integral do discente e na sua preparação para se transformar num cidadão psicológica e humanamente preparado para em equilíbrio construir um futuro e uma sociedade livres e democráticos.
Efetivamente uma simples linha separa a realidade que temos daquela que pretendemos ter.
O movimento dessa linha tanto se pode transformar no caos de tensões quebradas por interesses extrínsecos e alheios à cultura, como numa linha que conduz a uma espiral progressiva que procura a evolução cultural de um ensino e de um país.
Para chegar a uma forma de contornos definidos temos de abordar a bidimensionalidade e a tridimensionalidade.
A primeira, mais limitada, assemelha-se a um ministério de superfície rígida, incerta, desestruturada e estranhamente hostil.
A segunda, à qual adicionamos a terceira dimensão: o professor exprime outra personalidade que é mais flexibilizante, precisa, calma, ativa e graciosa.
Às formas também lhes podemos conferir movimento, mas algumas delas mantêm-se estáticas, sem dinamismo, conservando uma orientação pesada, numa direção específica e inalterável. Outras são susceptíveis de sugerir uma atividade muito maior, em diferentes direções, expandindo-se no espaço, movimentando-se rumo ao futuro e sempre contrariando as tendências retrógradas, doentias e obsessivas.
Quanto ao espaço e a sua representação do mesmo, a ilusão de profundidade pode ser dada através de sombras, ou de luz e sombra, ou ainda da perspectiva.
A representação desse espaço, como o olho humano o vê, restringe-se unicamente à perspectiva óptica. Esta difere de artista para artista utilizando ou deformando a realidade. Curiosamente neste país há muitos artistas que deformam a realidade, utilizando perspectivas não existentes (as quadradas), deixando por omissão a cónica que tende para um ponto, sempre concordante e aglutinador de uma forma, ou cenário, equilibrado e desejável.
Os artistas persecutórios deste país interpretam o espaço utilizando recursos que variam desde a diminuição de tamanho, artifício muito aproveitado para sugerir profundidade ou separação do cidadão, ou utilização de sobreposições relativamente a tribunais constitucionais e arbitrais, para incutirem a sua perspectiva de afastamento espacial.
Mas, por outro lado, o espaço também pode ser elemento de força emocional, mais do que qualquer objecto ou forma representada, constitui exemplos de concepções artísticas nas quais as formas, ou muitos dos seus pormenores apresentados, são deliberada e conscientemente planeados em lutas e greves com o objetivo de enfatizar o espaço a que se tem direito e a perspectivar valores que assistem aos artistas do ensino em benefício do todo e do conjunto.
A ilusão é sempre mais forte quando se utiliza a perspectiva linear.
A linearidade nunca seduziu artistas plásticos que preferem as linhas curvas anticonvencionais, linhas em desalinho, que com agulha se cozem, esperando que os artistas alinhados no governo se cozam também.

Fernando Magalhães

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um ovo diferente


Os alunos da turma A do 6.º ano executaram um projeto na disciplina de Educação Visual, para um concurso promovido pela Regina e Imaginar, subordinado ao tema “Um ovo diferente”.
A atividade decorreu de acordo com as expectativas, tendo alguns alunos apresentado nas suas múltiplas abordagens a consecução do seu projeto a concurso.
Devido às dimensões estipuladas no regulamento, o trabalho foi realizado em folha formato A4 e pintado com materiais riscadores: lápis de cor e marcadores.
O aluno número dezoito, do 6.º - A, Tiago Araújo, venceu o primeiro prémio do 5.º ao 7.º ano, a nível concelhio, constituído por um cabaz de chocolates Regina e um livre acesso às Curtinhas (Cinema de Animação para crianças) durante todo o mês de Julho no Cine Teatro de Vila do Conde.


O professor orientador,  Fernando Magalhães

Demissão de adulto

Perante a sociedade, e de acordo com os direitos desconstituídos que me assistem, apresento formalmente o meu pedido de demissão de adulto.
A bem da Nação e de um estado hieraticamente estabelecido, decidi que pretendo regredir no tempo físico e voltar a auferir das responsabilidades e ideias de uma criança de dez anos, no máximo!
PRETENDO ACREDITAR que este mundo é justo e todas as pessoas são honestas e puras.
que os políticos só pretendem o nosso bem e o bem estar social.
que a Troika vem salvar a vida das famílias sem emprego e que passam fome e que o FMI é o Futuro Marcado para a Independência.
QUERO de novo acreditar que tudo é possível, até os sonhos!
que a vida é espantosamente simples de viver e sem complexidades acrescidas.
QUERO apreciar todas as maravilhas da Natureza, sem poluição e sem guerras.
NÃO QUERO mais ver telejornais fatalistas, programas de televisão que são um atentado à inteligência, aos valores morais e à dignidade do mais comum dos seres humanos.
NÃO QUERO fazer contas ao ordenado que ganho e que faço esticar como elástico que rebenta até ao próximo mês.
NÃO QUERO dar valor material às coisas e saber que só com euros as posso ter.
prefiro as moedas de chocolate que me dão prazer ao comê-las e que, com o papel metalizado que as envolve, ainda consigo criar novas formas de construir e brincar.
NÃO QUERO mais dizer um adeus condolente aos amigos que partem e que com eles transportam uma parte da minha vida.
QUERO que a única competição se resuma a um jogo de futebol, onde a alegria de ganhar, ou a tristeza de perder, se transforme num novo jogo de amigos no dia seguinte.
QUERO chapinhar na lama.
QUERO sentir as flores crescerem.
sentir a sombra das árvores,
roubar as maçãs ao vizinho,
trepar muros de aventura,
jogar aos polícias e ladrões, aos índios e aos cowboys, às casinhas e aos médicos,
construir castelos de areia e castelos no ar,
olhar as nuvens e descobrir formas de animais, de gigantes e de naves espaciais.
QUERO saltar de rocha em rocha junto ao riacho.
atirar rasante uma pedra na água e ver quantas vezes ela saltita na superfície antes de se afundar.
QUERO ver amadurecer as primeiras amoras, as primeiras uvas, as primeiras laranjas e prová-las, deixando escorrer o sumo que me suja a roupa.
QUERO voltar a sentir que as chicletes, os gelados e as gomas são os melhores sabores do mundo.
QUERO construir um papagaio de papel e vê-lo voar recortando o céu.
QUERO voltar ao passado em que se é feliz, porque a maldade dos adultos não existe e a ignorância das coisas não nos preocupa ou fere.
QUERO de novo acreditar no poder dos sorrisos e dos abraços, dos beijos e dos mimos, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, do amor, dos sonhos e da imaginação.
QUERO sentir tudo de novo, sem artifícios ou mentiras, sem falsidades ou promessas incumpridas…

E para aqueles que, de moto próprio, fizeram o sagrado voto material do esquecimento, ainda quero pensar que toda a infância vale muito mais que o dinheiro.
Demite-te de ser adulto!
Liberta-te da prisão de uma vida agonizante e aborrecida!
O amor é um pássaro verde, num campo azul, no alto da madrugada!”. (Assim escreveu uma criança).

Fernando Magalhães