segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E nem uma estrela acordou

A sombra descia pelas paredes do quarto
lambendo a solidão.

Vai-se sorvendo o silêncio na quietude do tempo
fabricando trejeitos onde olhos de espanto
se interrogam no porquê.

Sei que o frio cai na gravidade de um Dezembro.
Sei que detesto o inverno como o quarto que destila humidade.

Sou o que nunca gostaria de ser. Um sem abrigo
abrigado em manta de sociedade
de costas voltadas para o mundo que não alcanço
por querer.

Lembranças acordam vivas
como vermes que revolvem as entranhas da
terra onde jazem mortos de sonhos acesos.

Procuro a vida sem a encontrar. Adormeço
tão seguro de mim como noite sem luar.
E nem uma estrela acordou
quando anjos me disseram que era noite de Natal!


Fernando Magalhães